quinta-feira, 18 de março de 2010

Há festa na aldeia

Realizaram-se, na minha terra, nos dias 13,14 e 15 de Março, a tradicional procissão em honra do Sr. Jesus dos Passos.
Para mim, esta é sem duvida a festa mais importante das que se realizam ao longo do ano, sendo a maior manifestação de fé e religiosidade. A sua preparação começa no Domingo a seguir à Quarta-Feira de Cinzas, e durante 4 Domingos os festeiros andam de porta em porta agariando fundos para a realização da mesma.
A festa teve inicío no Sábado, dia 13 com a recitação do Rosário e seguido da Procissão do Sr. Jesus dos Passos em que o andor vai tapado (simbolizando o roubo do Senhor), da Igreja da Misericórdia, onde se situa o Museu de Arte Sacra, para a Igeja Matriz. Chegada aí, e depois dos homens que carregavam o andor do Sr. dos Passos e terem colocado no sítio, os festeiros, acompanhados pelos presentes entoaram, com emoção, o cante dos Martirios do Senhor.
No dia 14, a procissão saiu da Igreja Matriz, percorrendo as principais ruas da aldeia, com o Sr. Jesus dos Passos transportando a cruz às costas. À frente do andor seguia a Padeirinha, que em locais já habituais, se encontravam os Passos (telas retratando a Paixão de Cristo) e junto dos quais entoava o cante, relembrando o gesto de Verónica, enxugando o rosto de Jesus quando caminhava até ao Calvário. Em suas mãos segurava o Santo Sudário, com o rosto de Jesus gravado. O ponto mais alto desta procissão é o encontro de Jesus com Sua Mãe, a Virgem Maria. Este encontro dá-se durante o Sermão de Encontro, tendo sido convidado para este fim, como orador, o Sr. Padre João Paulo, que já foi páraco nesta freguesia.
No dia 15, deu-se por terminada esta procissão com o regresso das imagens à Igreja da Misericórdia. A procissão não é feita só com as imagens da Nossa Senhora e do Senhor dos Passos, também saem à rua o Guião, o Estandarte, a Cruz de Prata, o Palium que vai tapando o Sr. Padre e lanternas acessas, não só junto dos andores assim como ao longo da procissão e finalmente a Banda que com músicas carregadas de emoção e simbolismo abrilhanta a festa . Por tradição, as mães vestem seus filhos de anjinhos, veste-se o melhor fato, os sinos replicam no cimo das torres da igreja e no céu baloça, ao sabor do vento, faixas roxas suspensas no ar.
Todos os intervenientes vão de opas, também elas roxas. Antigamente para levarem os andores, os homens e mulheres interessados tinham de pagar, era efectuado um leilão e quem oferecia mais dinheiro é que levava o andor, hoje já nada disto acontece, as coisas complicaram-se sendo dificil encontrar voluntários para esse fim. Esta procissão poderá ter os dias contados, se algo não for feito para que a tradição não acabe.

1 comentário:

  1. Concordo plenamente com o final do teu discurso.
    Um excelente trabalho por ti apresentado.
    Beijinhos prima.

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