O meu Alentejo

Eu nasci no Alentejo, já lá vão 4 decadas.

Durante todo este tempo tive o prazer de conviver com a beleza desta região.

É esta a minha terra, é esta a minha alma, todo o meu ser. Estão aqui todas as minhas raízes, aqui cresci, casei e fui mãe. Foi no Alentejo que abri os olhos para a vida e é no Alentejo que quero que eles se fechem para o mundo e o meu corpo possa repousar, quando Deus determinar que o meu percurso na terra terminou.

As planícies estendem-se aos nossos olhos, pinceladas de vários tons, e os cheiros misturam-se brotando da terra, consoante a estação do ano.

Na Primavera, as flores silvrestre inundam os campos, as cegonhas fazem os seus ninhos em postes, torres de igreja ou noutras estruturas altas.

À medida que o calor avança os amarelos pitam a paisagem, e os homens que trabalham na agricultura, procedem à ceifa das searas.

Este trabalho, antigamente era executado à mão, de sol a sol ao rigor do calor,por homens e mulheres, hoje felizmente isso já não acontece, é utilizado máquinas agricolas, a ceifeira-debulhadora e a palha é enfardada por enfardadeiras.

Nos meses de Verão, os campos revestem-se o amarelo dos girassóis, as vinhas vestem-se de verde.

Entre os meses de Junho/Julho é tempo de retirar a cortiça aos sobreiros. Os troncos destes ficam com uma cor ocre alaranjada.

Este trabalho é das actividades da região com mais interesse, exigindo habilidade a quem o faz, sendo executado com um machado e o sobreiro só é descortiçado de 9 em 9 anos, já que este é o tempo que leva a cortiça a crescer.

No Outono, o Alentejo veste-se de várias tons de castanho, e as terras preparam-se para as chuvas de Inverno.

Mas nem só de paisagens é composto o Alentejo, o seu cante tradicional é sobeijamente conhecido. Já se vai perdendo um pouco esta tradição, mas ainda existem várias zonas em que grupos corais de homens ou mulheres, cantam com alma e coração.

Também a gastronomia alentejana é uma referência, assim como o seu vinho é reconhecido em alguns casos até internacionalmente.